Confira a Coluna Estilo e Moda por Silvana Hass desta semana

Existe uma teoria lógica usada na moda de que tendências costumam voltar. No final dos anos 1990, havia uma espécie de inquietude no ar com o chamado “bug do milênio” o alerta popularizou-se nos últimos meses de 1999, época em que os programas para a internet obedeciam ao padrão tecnológico de computação e padronização. Os sistemas de software guardavam e interpretavam um formato com dois dígitos de dia/mês/ano que se adotou de maneira global.
O problema é que esse padrão não seria alterado, mesmo com o passar das décadas. Mas o fim do século chegou e com ele o "19" deveria ser alterado para "20" e caos se espalhou de que os sistemas da virada do milênio, retornaria a 01 de janeiro de 1900. O resultado seriam os piores possíveis, os bancos quebrariam, pois, as informações sobre seus clientes simplesmente iriam se apagar do sistema, enfim, ninguém entendia bem o que estava acontecendo e o medo sempre constantes na vida do ser humano abordam uma situação apocalíptica.
No contexto desse imaginário não é difícil compreender de pandemia e guerras causam impacto significativos e além do abalo econômico, o medo, o desiquilíbrio emocional afeta milhões de pessoas. No contexto destes cenários de medo e um futuro de incertezas eles acabam por assumir funções simbólicas em nossa mente, entre elas o desejo de que tudo passe logo.
A sigla “ Y2K “ foi resgatada nos anos 2000, onde a moda refletiu um drama esperado que este felizmente não aconteceu. Mais de vinte anos se passam e o medo retorna diante de um perigo agora real, invisível como um vírus e visível por terra, trazendo o desiquilíbrio emocional com os acontecimentos que ocorrem de forma globalizada, embora as reações impactam a todos de diferentes formas.
O medo nos faz refletir sobre nossa vulnerabilidade entre a vida e morte e o nosso vestuário reflete estas ações como uma válvula de escape ou refrigério. Neste contexto a moda se depara entre linhas paralelas onde precisa entrelaçar criação e consumo como os fios com a ajuda de uma máquina a partir de um elemento complexo e demasiadamente humano: a memória.
Mais do que a janela do tempo, é permitir imaginar dias melhores com base nas experiências que já vivemos, como roupas nostálgicas diretamente da popularização do “ Y2K “ e essas releituras repaginadas irão tomar conta da temporada deste inverno.
A tendência será de saias muito curtas em composições com: botas de cano extremamente altos, blusões oversized em tricô, casacos forrados por inteiro com pele sintética onde as estampas dos casacos se destacam com o xadrez.
Por Silvana Hass
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