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Caçadores de Tornados: UEPG publica estudo inédito no Brasil

Foram 43 anos de ocorrências analisadas no Brasil. Dos 581 fenômenos identificados, 411 tornados ocorreram nos estados do Sul

Caçadores de Tornados: UEPG publica estudo inédito no Brasil. Foto: Divulgação

A região Sul do Brasil é a mais propensa a tornados. É o que um grupo de estudantes e professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) descobriu de forma inédita, em estudo publicado em outubro deste ano. Foram 43 anos de ocorrências analisadas no Brasil. Dos 581 fenômenos identificados, 411 tornados ocorreram nos estados do Sul, o que representa 70% dos registros de tornados no país. O estudo analisou ocorrências de tornados em todo o país, de 1975 a 2018. O Paraná teve 89 tornados no período, com a maioria acontecendo no período da tarde.


Depois do Sul, a maior concentração de tornados é da região Sudeste (108), seguida do Centro-Oeste (31); Norte (17); e Nordeste (14). Dentre as 581 atividades contabilizadas, a categoria mais identificada, com 115 ocorrências, foi a de escala EF1, que se caracteriza por ventos de 117 e 180 km/h. O trabalho é da acadêmica Loriane Gomes de Almeida, do curso de Licenciatura em Geografia. “Analisei notícias e trabalhos acadêmicos e contabilizei esses fenômenos. Vimos algumas imagens desses eventos e, pelas características, pudemos chegar à conclusão de que eram tornados, mesmo que as notícias descrevessem os eventos como vendavais”, explica.


O grupo está engajado em identificar e catalogar desastres climáticos no Brasil. Com o conhecimento adquirido, eles organizam palestras e atividades com a comunidade para ensinar a identificar sinais de tornados e demais ações climáticas. “Muitas pessoas não têm noção de que existe a ocorrência de tornados no Brasil, eles pensam que é uma coisa que acontece apenas nos Estados Unidos. Então, muitas vezes, pensam que é apenas uma tempestade, por isso nosso trabalho é tão importante”, ressalta Loriane.


A América do Sul é o segundo local do mundo com maior número de tornados, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme explica a professora coordenadora do projeto, Karin Linete Hornes. “No Brasil não existe um banco de dados de tornados, então reunimos trabalhos acadêmicos da área, que fazem essa caracterização dos percursos tornádicos, e colocamos num mapa”, conta. O mapa está em constante transformação e em breve será atualizado.


Juntamente com a professora Karin Hornes, a equipe conta com Jaqueline Estivallet, técnica em meteorologia, que conta com um acervo histórico de tornados no Brasil; Loriane Gomes de Almeida, acadêmica de Licenciatura em Geografia, que mapeou os tornados de 1975 a 2018; Maria Cristina Piotrovski, aluna do Bacharelado em Geografia, que está dando continuidade aos mapeamentos dos tornados, a partir de 2018; Thiago Mej, mestrando em Geografia, pesquisador de rastros de tornado no Paraná; Adriano Kapp Júnior, mestrando da Pós em Geografia e pesquisa desastres climáticos em Ponta Grossa; e Rodrigo Alves Gabre, que pesquisa a tempestade de São João Maria de 1927.


Tipos de tempestades Os tornados acontecem com maior frequência por aqui, porque Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são os que recebem primeiramente a ação das massas de ar frio oriundas do Sul-Sudoeste. A área também sofre influência das massas de ar quente da região amazônica.


O encontro destas massas pode provocar o aparecimento de supercélulas – que são tempestades caracterizadas pela presença de uma corrente de ar girando no interior da nuvem – com grande potencial para o desenvolvimento de tornados. “O Paraná tem uma tendência em registrar tempestades e a maior ocorrência climática é o vendaval”, informa o aluno Adriano Kapp Júnior. O estudo do acadêmico identificou ocorrências climáticas em Ponta Grossa, de 2013 a 2020. “Neste ano, a gente registrou o granizo, o que não é tão comum na nossa região. Na última década, tivemos apenas cinco ocorrências de granizo, por exemplo”, complementa.


Segundo a professora Karin, desastres climáticos sempre ocorreram, desde a época dos dinossauros – e continuarão a acontecer. “O que temos agora é uma tendência de que mais pessoas sejam atingidas. Como a população aumentou, esses eventos irão encontrar com mais facilidade uma área habitada”, adverte. A principal pergunta que deve ser feita, para Karin, é como organizar a vida para sobreviver diante dessas situações. “Precisamos pensar nas pessoas que mais precisam, pois elas sempre serão as mais afetadas por esses desastres, por isso a informação de qualidade sobre os fenômenos tem que chegar para a comunidade”.


Como se proteger A chegada de grandes tempestades requer a preparação. “A primeira coisa a se fazer é observar seu ambiente e procurar o local mais seguro, que tenha estrutura de concreto, laje e ferro. Geralmente este local é o banheiro”, destaca Karin. Outra dica é que pessoas se enrolem em cobertores e colchões, para que não se machuquem na passagem do tornado. “Procure locais que você possa ter mais segurança, evite árvores e postes. Se estiver dentro do carro, permaneça dentro dele em posição fetal e espere a ocorrência passar. Também evite estruturas amplas ou campo aberto, pois a aerodinâmica desses locais permite que o tornado se movimente mais”, completa.


Também é recomendado que pessoas evitem ficar perto de portas, janelas ou estruturas de vidro. Ainda não é possível prever quando um tornado vai ocorrer. A Defesa Civil envia alertas de tempestades para todos os cadastrados: basta enviar a palavra “consultar” para o número 40199 que, em seguida, as informações são enviadas por SMS.


Da Assessoria

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