Confira a Crônica da semana da Academia de Letras dos Campos Gerais: "Tampinhas no Júlio Teodorico"
Quem frequentou o Colégio Estadual Júlio Teodorico, na década de 1970, deve lembrar de como eram as instalações, a distribuição dos blocos, o grande pátio de paralelepípedo no centro, onde semanalmente entoávamos o hino nacional ao hastear das bandeiras.
Também deve lembrar da cantina, onde era servida, uma vez por semana, uma pizza, feita lá mesmo, maravilhosa e ímpar. Eu juntava a mesada para poder comprá-la. Sim, na época havia a venda de doces, guloseimas e refrigerantes dentro da escola.
Lembro-me ainda de jogar “caranguejobol” naquele pátio irregular, sob o sol das 11 da manhã, como aula de educação física. Chutávamos uma bola enorme e leve, com as mãos e pés no chão, mas de costas para o mesmo, como se fôssemos um caranguejo. A prática de esportes nunca foi meu forte, principalmente aquele tipo de jogo.
Mas, havia um tipo de esporte em que eu era bem cotado: futebol de tampinha. Havia uma calha que acabava bem no nível do piso de paralelepípedo no canto dos fundos do prédio próximo à rua Barão do Cerro Azul. Ali, desenhávamos com giz algumas marcações, desenvolvíamos nossas regras e, com as tampinhas dos refrigerantes consumidos no recreio, jogávamos em dupla, tentando acertar a boca da calha com a tampinha, como se fosse uma goleira.
Cada partida era resumida em que marca primeiro, ganha. Perdeu, saiu. Um chute para cada. Essas regras básicas tornavam o jogo deveras emocionante, pois, se não acertássemos o gol, não podíamos deixar fácil para o adversário. Em um intervalo de 15 minutos de recreio, jogávamos diversas partidas.
Aquela boca de calha era um dos espaços mais disputados pelos meninos em todo o pátio do Júlio Teodorico. Quando raramente podíamos sair um pouco antes, íamos direto para lá, disputar alguns pontos.
Muito aprendi neste colégio, pois foi parte de minha alfabetização e o início do chamado ginásio. Depois fui estudar em Palmeira, mas nunca mais tive um espaço para este jogo de tampinha na boca da calha. Realmente, a infância é a melhor fase de nossas vidas!
Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
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