A atividade, com o objetivo de gerar consciência ambiental e deixar Ponta Grossa mais verde, gerou resultados – foram cerca de 5 mil mudas doadas e 500 quilos de alimentos não perecíveis arrecadados
Em um sol intenso da sexta-feira (24), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebeu a quinta edição do Arboriza Ponta Grossa debaixo de árvores. As sombras projetadas das Tipuanas abrigaram mudas de árvores frutíferas, floríferas e de sombra; exposições; e participação de alunos extensionistas, professores e visitantes. A atividade, com o objetivo de gerar consciência ambiental e deixar Ponta Grossa mais verde, gerou resultados – foram cerca de 5 mil mudas doadas e 500 quilos de alimentos não perecíveis arrecadados.
O estacionamento do Colégio Agrícola Augusto Ribas, Campus Uvaranas, estava repleto de mudas – araçá-vermelho, araçá-amarelo, guabiju, cambuí, pitanga, guabiroba, grumixama e araticum-do-mato, ipê-rosa, sibipiruna e araucária. Com a distribuição das mudas, eram entregues folhetos e informações sobre o manejo correto da espécie que a pessoa estava levando pra casa. A cada mesa, uma muda era entregue e um aluno do projeto de extensão Viveiro Florestal, organizador do Arboriza, repassava informações. Dentre os alunos, estava Bernardo Ramos da Silva, aluno do quinto ano de Agronomia. Integrante do projeto há um ano, ele estaca a capacidade de aprendizado que o Viveiro lhe ofereceu. “O projeto me ensinou muito sobre trabalho em equipe, além de eu ter a oportunidade de aprender mais sobre fruticultura e silvicultura“, conta.
Bernardo é de Arapoti, cidade tradicional no ramo do cultivo de árvores para produção de papel. “Desde pequeno, eu tive muito contato com árvores e silvicultura, mesmo sem saber o que era, mas quando comecei a trabalhar no Viveiro, surgiu o interesse em trabalhar com florestas”, relata. Pela atuação no projeto, o aluno já sabe onde quer trabalhar depois de formado. “Quero trabalhar com agroflorestas, que é um sistema muito interessante, e a partir do momento que eu comecei a fazer o projeto e estudar a disciplina entendi que é esse o ramo em que quero trabalhar”.
Olhar pela janela e não ver muitas árvores pela cidade causa estranhamento para Bernardo. “É muito triste vir para Ponta Grossa e ver que a cidade quase não tem árvore. Se você sobe num prédio dá pra contar as árvores que têm, por isso o Arboriza realiza um trabalho tão importante, porque além da doação de mudas, a gente realiza um trabalho de conscientização, para que Ponta Grossa tenha mais árvores”, adverte.
Objetivo
A preocupação de Bernardo é um dos pontos a serem supridos pelo Arboriza, conforme destaca o professor coordenador do projeto, Carlos Stuepp. “O Viveiro Florestal nasce para suprir uma lacuna da cidade no manejo de árvores, então quando a gente fala de arborização em Ponta Grossa é sempre um desafio”, explica. Para ele, a cidade está atrasada em relação à arborização. “Buscamos mudar a concepção das pessoas em relação às arvores dentro do ambiente urbano, porque às vezes a gente olha para as árvores e costuma olhar somente para os problemas que elas trazem pra nós”. O professor exemplifica a fase em que folhas caem das árvores. “As pessoas olham apenas para a dificuldade em ter que varrer essas folhas do chão e não entendem que isso faz parte do ciclo de vida planta. A gente tem dificuldade de entender que aquela árvore traz para nós um conjunto de serviços ecossistêmicos extremamente importante para a qualidade de vida”.
Para Carlos, quando se fala em árvore, se fala em ar puro, melhor umidade do ar e melhores condições bioclimáticas regionais. “Estamos aqui debaixo da sombra das Tipuanas, num evento onde as pessoas se sentem extremamente confortáveis do que se estivessem fora [da sombra das árvores]. E aí a gente consegue mostrar para as pessoas de que as árvores são fatores favoráveis para a qualidade de vida delas”, pontua. O Arboriza não tem o objetivo final de dar árvores para pessoas. “Nós queremos encher as pessoas de muita informação, e aí essa árvore vai com a pessoa na mochila para que ela possa plantar com todas as informações recebidas”, completa.
Das cinco mil mudas doadas, 3800 foram para arborização urbana e rural e 1200 pra restauração ecológica de pequenas propriedades. Graziele Campos Kviatcovski, diretora de Gestão Ambiental da UEPG, destaca que o Arboriza tem uma questão ambiental forte. “A iniciativa do Viveiro se relaciona diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da ONU, um tema futurístico e muito atual, que é o que está sendo divulgado aqui”.
Projetos parceiros
Além da distribuição de mudas, o evento contou com música, roda de chimarrão e exposição de fotos do projeto Diário de um Resíduo, que traz a rotina dos catadores de material reciclável em Ponta Grossa. “Buscamos sempre trazer essa relação da comunidade com os projetos da UEPG, e é assim com o Viveiro e o Diário de Um Resíduo”, explica a professora Rosimeri Fragoso, coordenadora dos dois projetos. Para ela, a arborização também gera consciência na sociedade. “Temos um fenômeno chamado ‘cegueira botânica’, em que as pessoas convivem com plantas, mas acabam não as percebendo no dia a dia e por isso estamos aqui para valorizar o papel das árvores”, salienta.
Junto com as fotos, também teve desenho. Os alunos do curso de Artes Visuais ilustraram flores e frutas das árvores doadas. “Trouxemos essa parte artística também para o evento, mostrando para as pessoas o que essas árvores produzem”, conta o professor Arthur Calheiros Amador. Para ele, a atividade abre novas possibilidades aos alunos. “Essa é uma parceria que precisa de fortalecer cada vez mais e é importante que a gente interaja com outros cursos e veja outras possibilidades de atuação dentro da nossa carreira, como a ilustração botânica”, finaliza.
Da Assessoria
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