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Renato Russo completaria 65 anos nesta semana: amigos projetam caminhos que ele poderia ter seguido

  • Foto do escritor: culturacaopg
    culturacaopg
  • 28 de mar.
  • 3 min de leitura

Foto: Reprodução/Renato Russo Site Oficial
Foto: Reprodução/Renato Russo Site Oficial

Se estivesse vivo, Renato Russo, uma das figuras mais emblemáticas do rock brasileiro, celebraria na última quinta-feira (27) seus 65 anos. Considerado por muitos o maior poeta do gênero no Brasil, sua trajetória foi interrompida precocemente em 1996, aos 36 anos, vítima da aids.


A importância da data vai além dos fãs do artista, marcando também a cena musical nacional. Em homenagem ao legado deixado por Renato, a Agência Brasil conversou com amigos e pessoas próximas ao músico para imaginar como ele estaria hoje e quais rumos poderia ter seguido.


“Meu irmão já teria largado a música”


Para Carmen Teresa, irmã do cantor, Renato provavelmente teria se afastado da música.

“Na minha opinião, acho que ele já teria largado a música há muito tempo. Acho que ele estaria fazendo outra coisa”, afirmou à Agência Brasil.


Ela relembra o desconforto que Renato sentia com a pressão da indústria fonográfica.

“[Renato] já vinha se sentindo cansado desse sistema mercadológico todo; da pressão dos contratos; dos shows, das turnês e do palco, onde ele sentia um certo desconforto de estar porque tinha medo, apesar de, depois, quando começava o show, ele realmente se sentir bem.”


Novos Horizontes


Marcelo Beré, amigo de longa data do cantor e integrante do Circo Teatro Udi Grudi, acredita que Renato teria expandido sua atuação artística para além da música, dedicando-se à literatura e ao cinema.


“Renato escrevia compulsiva e compulsoriamente, uma vez que o terapeuta dele o instruiu a escrever pelo menos uma página por dia em seu diário. Ele, no entanto, escrevia bem mais do que isso, e dizia que tinha a intenção de fazer um livro.”


Segundo Beré, a escrita sempre foi uma parte essencial da vida do artista.


“Nas últimas oportunidades em que conversamos, ele falava também sobre sua vontade de escrever para o cinema, o que é muito curioso, já que algumas de suas músicas acabaram virando filme.”


Festivais de cinema


Essa relação com a sétima arte também é ressaltada por Eduardo Paraná, primeiro guitarrista da Legião Urbana, que hoje usa o nome artístico de Kadu Lambach. Ele acredita que, caso estivesse vivo, Renato seria um observador do mundo, conectado à literatura, ao cinema e até mesmo às novas tecnologias.


"Estaria ligado em algumas tecnologias. Ele ia ficar ali bem quietinho, participando escondido das redes sociais. Certamente, interpretando o mundo e traduzindo ele em músicas e em cinema."


Além disso, Kadu destaca o fascínio de Renato por festivais de cinema, como os promovidos em Brasília por instituições culturais e embaixadas estrangeiras.



Cineasta de mão cheia


Para Kadu Lambach, o interesse do cantor pelo cinema não era apenas como espectador.


“Realmente acredito que ele estaria vinculado e focado no cinema. A meu ver, ele teria se tornado um cineasta de mão cheia. Um roteirista maravilhoso. Não tenho dúvida sobre isso. Usaria da sétima arte para transformar muitas histórias em filmes maravilhosos.”


Além disso, o ex-guitarrista da Legião Urbana não descarta a possibilidade de Renato atuar como jornalista. “Talvez escrevendo artigos, ensaios de teatro e de cinema, e, talvez, na escrita literária. Provavelmente até mais do que na música.”


Extremamente humanista


O professor universitário e jornalista Militão Ricardo, que também conviveu com Renato Russo, destaca que o músico sempre teve uma visão crítica e aprofundada sobre política e sociedade.


“Não imagino que o Renato fosse se deixar encantar por jargões e histórias de correntes ideológicas e populistas que vemos no atual cenário político do país, tanto da direita quanto da esquerda. Ele tinha uma visão extremamente humanista e não se deixava levar por coisas rasas.”


Militão, que conheceu Renato em 1981, destaca a inteligência e o pensamento analítico do cantor.


“Era muito legal conversar com ele porque era um cara muito culto e inteligente, com muito estudo. Lembro de vê-lo, em uma festa na UnB, conversando em inglês, com um cara, sobre filosofia grega. Saí até de perto, porque eu não conseguia acompanhar, apesar de até falar inglês.”


Pensamento crítico


Para Militão, Renato Russo não se encaixaria em uma visão de mundo simplista.


“Ele tinha um pensamento muito crítico, enxergando defeitos e virtudes não de dois, mas de todos os lados. Não era um cara dicotômico. Para ele, isso não era suficiente para explicar o mundo. Seu lastro intelectual não lhe permitia ficar no superficial das coisas. Por isso, aos 65 anos, com a maturidade que a idade teria trazido, seria um cara mais sereno, oferecendo visões e colocações muito agudas.”


Cinema seria a opção

As suposições feitas pelos amigos de Renato Russo sobre seus possíveis caminhos artísticos também são compartilhadas por sua irmã, Carmen Teresa.


“Acho que seria a época de ele fazer cinema, que era uma coisa que ele adorava. Renato era um cinéfilo. Um amante do cinema. Entendia muitíssimo dessa arte. E, quando chegasse aos 75 ou 80 anos – talvez até um pouco antes –, ele iria para escrita. Seria um escritor.”


Com informações: Agência Brasil

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