Iniciativa dos bailarinos do Balé Guaíra, o evento teve como objetivo celebrar o orgulho preto, mostrando ao público toda a criatividade, o talento e a relevância do caldo cultural de matriz africana
O palco do auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, o Guairão, recebeu dezenas de talentos afrodescendentes na noite de domingo (20) em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Pret¡!n Move concentrou artistas de música, dança, poesia e moda numa manifestação que já entrou na história do teatro. Iniciativa dos bailarinos do Balé Guaíra Luana Nery, Rodrigo Leopolldo e Leonardo Lino, o evento teve como objetivo celebrar o orgulho preto, mostrando ao público toda a criatividade, o talento e a relevância do caldo cultural de matriz africana.
“Para mim, o palco não é só um lugar de estética, é onde você vai mostrar sua vivência crítica e tantas outras coisas. Juntar essas pessoas e transmitir o trabalho de cada um, como artista, como ser humano, nesse local de resistência, não tem como explicar”, afirmou Luana Nery.
Cleverson Cavalheiro, diretor-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, disse que foi um espetáculo representativo e multiartístico. “As várias formas de expressão, desde mídia, dança de salão e até desfile de moda, com um visual completamente inusitado, deram um tempero artístico muito bonito. Vários grupos estavam representando essa data tão importante", afirmou.
O evento teve um formato dinâmico num local onde geralmente apenas os artistas têm acesso. A plateia foi montada em semiarena ao redor da passarela, tudo no nível do palco do Guairão. Após a exibição de dois vídeos que contextualizam a arte e a cultura negra, apresentaram-se juntos a pianista Inês Drumond e o bailarino da Cia. G2, grupo sênior do Teatro Guaíra, Jurandi da Silva, que dançou um solo ao som de “What a Wonderful World”.
Na sequência, a jovem cantora e compositora Adrielly Faria apresentou quatro canções autorais de seu repertório.
Ao som da DJ Lo Pimentel, Pret¡!n Move apresentou um desfile que colocou em destaque a criatividade preta na moda. Os tecidos do artesão senegalês Ndiaga Faye ganharam os holofotes com vestidos e túnicas. Três costumes apresentados foram produzidos pela figurinista Michelle Porto para a peça “O Céu de Mahura” com tecidos étnicos de Faye. O coletivo Brechó das Preta entrou na passarela com ênfase na produção de moda e na diversidade de corpos, idades e gênero.
O coletivo é formado pelos brechós Makeda Brechó (Karoline Alves Pessoa e Patrícia Alves Pessoa), Brechó Kaw Black (Kaoane M S Epifanio) e Brechó Se Garimpô Levô (de Maria Gabriela dos Reis Ferreira e Elza dos Reis Bernardes). A De Benguela forneceu apliques naturais para realçar a beleza dos modelos. Brechó das Preta fechou sua entrada com Patrícia, o marido Alysson Elienay e o pequeno Zion, filho do casal de apenas 7 meses.
Encerrou a apresentação de moda a marca autoral Chris Preta, que contou com apoio da Sephora, sapatos My Shoes e Budweiser. “Fiquei feliz por ser uma das convidadas para esse projeto e fazer um desfile num lugar histórico, o palco do Guaíra, neste momento de empoderamento de marcas pretas”, afirmou a estilista.
A cantora Isabela de Almeida, a Bebé, entrou logo depois para uma apresentação musical acompanhada do musicista Igor de Melo Loureiro.
O slam (poesia) Samuca fez uma participação emocionante, seguido por um impactante número de dança e música com integrantes da Orquestra Sinfônica do Paraná e bailarinos convidados. A OSP abriu ao som do berimbau, dois violinos e viola com as músicas de Sandra de Sá (“Meus olhos Coloridos”) e Nina Simone (“Feeling Good”). Bailarinos clássicos e contemporâneos se movimentavam pelo palco com gestos e movimentos precisos, ricos em potência e energia.
A dança afro marcou presença com o solo marcante de Isy Bato e o grupo Kizomba in Curitiba. Finalizou o evento os bailarinos Ira Dorsey, Luca Salvatore e Kisha com a Cultura Ballroom ao som do DJ Hu'y Ãnga.
Ao final, todos os participantes e o público foram para o centro da passarela para uma dança livre de confraternização e compartilhamento do momento tão simbólico para a consciência negra. “Esse projeto é uma semente linda. Agora nós temos que regar e esperar que floresça para colher os frutos. Com fé e orgulho, pois os pretos e pretas estão se amando”, afirmou o bailarino Leonardo Lino.
“Foi uma honra contar com tantas influências pretas nesse que foi um momento histórico. Eu me sinto profundamente orgulhoso de estarmos gerando esse projeto tão precioso. Que ele continue transformando o futuro de muitos artistas pretos”, complementou Rodrigo Leopolldo.
Por AEN
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