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  • Foto do escritorRedação

Carnaval imaginário

Confira a Crônica da semana da Academia de Letras dos Campos Gerais: "Carnaval imaginário"



A cidade de Tibagi repousa em silêncio no sábado à tarde, feriado de carnaval do ano de 1910, apenas pássaros a cantar e, de súbito, o trote de cavalos pelas ruas, gritos e agitação que despertam os moradores em suas residências na praça central, que perguntam curiosos:  o que está acontecendo na praça?


Senhor não ouviu falar do cantor que está na cidade, Manoel Evêncio, conhecido como “Cadete”? Dizem que ele gosta de carnaval e resolveu convidar algumas moças da cidade para desfilar em um “bonde” montado sobre uma carroça, desfile conhecido como corso, ideia que ele trouxe quando esteve no Rio de Janeiro.


Será que vai desfilar todos os dias de carnaval? Pois é!  Sei que ele organizou com ajuda de algumas pessoas, parece que até o prefeito gostou da ideia e autorizou-o a promover o desfile. Tem muita gente no desfile, carroças decoradas e mascarados a cavalo. Como você ficou sabendo do corso?  Na sessão de cinema no domingo passado.


Estamos achando que o Cadete quer promover uma grande festa aqui na cidade, que seria bom! O primeiro movimento de carnaval de Tibagi.


Pronto, acabou a paz em Tibagi! Mas, mulher, pense no lado bom: com o movimento, o comércio vai melhorar, até na pensão do Senhor Nicanor vai ter movimento de hospedagem, os garimpeiros vão gastar dinheiro na festa.


Eu imagino uma tenda de circo montada na praça, podemos participar da festa vendendo nossos quitutes.


Calma, acho melhor irem se divertir nos clubes.  Clube?  Sim, poderiam alugar algum salão e fazer a festa.

Imaginem a ideia do Cadete: colocar nossa cidade, conhecida como “Tibagi, Terra

dos Diamantes”, para “cidade do carnaval”.

Mas vamos dar uma pausa na imaginação e ver o tal corso do Cadete passar com suas princesas, o cantor cantando marchinhas.


Gostei dessa ideia do corso no carnaval, imaginem um desfile com batuque, convidar o pessoal do grupo dos garimpeiros para desfilar, e a banda do senhor José Machado para desfilar junto, poderíamos encerrar o desfile no meio da praça!  Tá, entendi, na tenda do circo?  Tô imaginando a banda do Maestro Machado tocando na tenda para o povo.


Uma imaginação, a realidade não muito distante, pois a ideia do Cadete e moradores da praça se concretiza no ano de 1999, quando uma tenda de circo é montada na praça e tem início uma nova fase do carnaval de Tibagi, onde milhares de pessoas se divertem.


Cadete não imaginava a evolução do carnaval, mas eternizou seu nome na história da maior festa popular dos Campos Gerais.


Texto de autoria de Nery Aparecido Assunção, escritor, historiador, funcionário da Prefeitura de Tibagi, diretor do Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

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