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  • Foto do escritorMateus Pitela

‘Sandman’ mantém sua força, agora como série

O clássico de Neil Gaiman passou por inúmeras tentativas de adaptação em live-action ao longo dos anos, e na primeira adaptação fora dos quadrinhos vai bem

Ainda que não repita a incomparável genialidade da HQ de 1988, o seriado é, uma ótima porta de entrada para uma nova geração de fãs das histórias de Morpheus. Foto: Divulgação


34 anos depois do lançamento da primeira edição da HQ, a primeira adaptação televisiva oficial chega à Netflix e, embora não provoque o mesmo impacto que o quadrinho, mostra que a espera de Gaiman e dos fãs não foi à toa.


De forma geral, a série de Sandman segue a mesma trama que os quadrinhos: Sonho dos Perpétuos (Tom Sturridge) é capturado num ritual de magia das trevas por Roderick Burgess (Charles Dance), que o aprisiona por mais de um século. Quando escapa, o Rei dos Sonhos parte em uma jornada para recuperar seu poder e seu reino. Mesmo com uma narrativa bem próxima do que nos foi apresentada há mais de trinta anos, a nova adaptação conta com mudanças pequenas, mas pertinentes, que dão um ar de novidade e que permitem que a história se traduza com naturalidade para a TV.


A Produção

Coordenadas pelo próprio Gaiman, que comandou a série ao lado de David S. Goyer (Batman Despertar) e Allan Heinberg (Mulher-Maravilha), essas mudanças não alteram em quase nada a história de Sandman, limitando-se a dar uma personalidade mais marcante a alguns dos personagens que cercam Sonho. Com isso, Coríntio (Boyd Holbrook) e Desejo (Mason Alexander Park), por exemplo, assumem um papel antagônico mais explícito que nos gibis, enquanto Matthew (Patton Oswalt) e Lucienne (Vivienne Acheampong) têm mais espaço para manter Morpheus “na linha”.


O maior mérito da produção da Netflix é ter Gaiman entre seus principais arquitetos. O criador de Sandman usa sua liberdade criativa para atualizar personagens, cenas e situações icônicas sem deixar que a essência da história original se perca em meio a essas adaptações. Mesmo que se desenvolva de forma diferente do que a das páginas, a narrativa surge tão angustiante quanto em sua versão original.


É bom dizer, aliás, que as atuações de Sandman são algumas das melhores que já agraciaram as produções originais da Netflix nos últimos anos. Boyd Holbrook, por exemplo, aparece simplesmente aterrorizante como o Coríntio e não seria exagero considerá-lo para um Emmy em 2023. Apesar de não aparecer tanto quanto seus colegas de elenco, Kirby Howell-Baptiste também faz um trabalho tocante como a Morte.


Apesar de um ou outro tropeço em sua execução, a primeira temporada de Sandman na Netflix consegue corresponder a boa parte das expectativas que a cercavam. Menos reflexiva que o quadrinho de Gaiman, a série ainda assim entrega momentos intrigantes e emocionantes, muito graças ao trabalho louvável de um elenco perfeitamente selecionado. Funcionando bem como uma porta de entrada para as histórias em quadrinhos.

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