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Denise Stoklos lota o Cine-Teatro Ópera com o monólogo 'Mary Stuart' e emociona o público no Fenata

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    culturacaopg
  • há 10 horas
  • 3 min de leitura
Mary Stuart no Fenata| Foto: Maria Malucelli| CulturAção
Mary Stuart no Fenata| Foto: Maria Malucelli| CulturAção

Na última terça-feira (11), o público teve a oportunidade de assistir ao aclamado monólogo “Mary Stuart”, de Denise Stoklos, um espetáculo que revive a disputa histórica entre duas rainhas pelo trono da Inglaterra. Com domínio absoluto da palavra e do corpo, Denise encantou a plateia com uma performance vigorosa e sensível, levando ao Teatro Ópera B uma lotação completa, todas as cadeiras ocupadas por espectadores atentos e emocionados.


Considerado um dos maiores fenômenos do teatro brasileiro no exterior, “Mary Stuart” foi escrito, dirigido e interpretado por Stoklos. O espetáculo já percorreu dezenas de países e consagrou o conceito de “Teatro Essencial”, criado pela própria artista, uma linguagem radical que aposta na força solitária do ator, utilizando apenas voz e gestual como ferramentas expressivas. No palco, acompanhada unicamente por uma cadeira e um foco de luz, Denise dá vida às primas rivais Mary Stuart e Elizabeth I, transformando a disputa pelo trono em uma metáfora potente sobre poder, opressão e liberdade.


Apesar da densidade dos temas, o espetáculo mantém um ritmo vibrante e um humor inteligente. O riso surge em momentos cruciais, quebrando expectativas e iluminando as contradições das relações humanas e políticas que atravessam a narrativa.


Fotos: Maria Malucelli| CulturAção


Após a apresentação, Denise Stoklos participou de um breve bate-papo com o público e com a imprensa. Generosa, refletiu sobre sua trajetória e sobre o legado que construiu ao longo de mais de cinco décadas de carreira. “Eu vejo que as pessoas vêm ao teatro e me dão a honra da sua presença, como hoje essa plateia lotada. Me deixa um prazer enorme que essa trajetória começada em 68, em Curitiba, teve repercussão… Eu adoro ver os novos grupos de teatro, a juventude com originalidade, sua maneira de pensar”, afirmou.


Sobre o fazer teatral, Stoklos explicou: “Eu entendi que fazer teatro era fazer aquilo que nossa emoção, vivência, biografia de tudo que já viveu e vai ficando como um repertório. Se a gente dispuser isso em cima de um tablado e permitir que seja teatralizado conforme a vida de cada um, cada um é um teatro e cada um é insubstituível”.


Em outra reflexão marcante, a artista destacou o poder transformador da arte: “A plateia vem ao teatro pra sair mais forte em relação às suas dúvidas, ao seu amor e liberdade.”


Questionada sobre o processo de criação dos dois corpos distintos que interpreta no monólogo, Denise explicou que buscou construir figuras contrastantes.“Foi justamente tentando fazer o que se tornasse um espetáculo de teatro e não uma narração apenas de uma história. Então, foi procurando trejeitos, entregando minha face para composições, caretas mesmo, que definissem um tipo. Aquela que é a agressora, eu escolhi para ser a clown, a palhaça, aquela de quem a gente ri mais. E a outra, que acabará sendo a assassinada, coloquei a parte mais trágica dela, mais dramática, os pedidos dela. Foi assim que eu fui encontrando essas duas diferenças e compor duas personagens no palco ao mesmo tempo.”


A atriz também relembrou a importância da mímica em sua formação:“Eu faço exercícios que aprendi muito na escola de mímica que eu fiz há um tempo muito atrás, em Londres. Ela me deu recursos de mímica que acabei abandonando como mímica pura, mas empregando no teatro. E ali se dá muitos exercícios corporais para fazer com que o corpo se movimente com partes isoladas. E se comunica assim mesmo.”


Por fim, Stoklos celebrou o convite do festival e destacou a importância da continuidade de eventos como o Fenata:“Com os Fenatas da vida convidando a gente, como me convidaram agora, a gente sobrevive, senão não. Então é lindo que exista um acontecimento como esse. Eu parabenizo a todos vocês que prestigiam e fazem o Fenata acontecer há tanto tempo. É importantíssimo assistir diferentes peças de teatro, diversos estilos e todos são válidos, importantes e enriquecem a gente.”


O público saiu do teatro impactado, não apenas por uma grande performance, mas por uma verdadeira aula sobre o poder do ator e a força transformadora do teatro.

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