Confira a Crônica da semana da Academia de Letras dos Campos Gerais: "Bandas e tocatas"
As bandas do interior hoje estão raras, poucas cidades ainda mantêm a arte da musicalidade tão antiga (!). Geralmente, as bandas eram formadas por músicos que herdavam o talento de seus ancestrais, em épocas passadas com uma média de 14 músicos, que tocavam em seus belos coretos.
O uniforme dos músicos era terno, sempre destacando o maestro com uma indumentária diferente. Para o início da musicalidade, o aprendiz teria que estudar a famosa cartilha Bona, além do estudo sobre a teoria musical, pautas ou pentagramas!
O sonhado instrumento, que seja de palheta, bocal ou percussão, compartilhando as primeiras notas musicais era uma alegria, geralmente acompanhada na tentativa de tirar uma música de ouvido. Pasmem vocês a emoção de tocar junto de músicos tarimbados, olha a pausa (!!!). Tocar em retretas, inaugurações de obras realizadas pelos prefeitos, no repertório o Hino Nacional, que elevem as bandeiras!!!
Tocar na saída da missa dominical, executando belos dobrados, valsas, sambas com sustenidos e bemóis, com o público sempre a observar quem estava tocando determinado instrumento. Nas alvoradas festivas, o silêncio da manhã na cidade era quebrado por um dobrado, vai ter quermesse no povoado, alguém gritava: La vem a metalama!
Bandas musicais são verdadeiros tesouros, quebra cabeça onde cada melodia é executada com seus acordes. Mas com a tecnologia de hoje, os músicos ainda querem tocar na banda? Uma pausa pelo caminho (...).
Na pandemia da covid, as bandas se reuniam por meio de vídeo, olha aí a tecnologia ajudando, onde formava o clipe do trecho musical de cada executante. O som do bombardino, melodia do saxofone, na marcação do baixo tuba, trinado do clarinete e flautim, calibre grosso dos trombones, o pulmão da banda nos trompetes, enfim, deixar de bater o prato num compasso seria como cair os braços do regente, que o diga o maestro Cleverson Assunção (!).
Desçam a avenida, quero ver o desfile da banda de Tibagi tocando dobrado e marchando, ouvir o som do bombardino! O saudoso Doutor Zezito e Alencar Santos (Nozinho) falavam essa frase: “Uma cidade sem banda é como se fosse um jardim sem flores!”
Texto de autoria de Nery Aparecido Assunção, escritor, historiador, funcionário da Prefeitura de Tibagi, diretor do Museu Histórico Desembargador Edmundo Mercer Júnior, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
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