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A fé no compasso do beat: as irmãs que viralizaram com o poder da arte e da vocação gravam clipe em Ponta Grossa

  • Foto do escritor: culturacaopg
    culturacaopg
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura
Bastidores do cilpe Vocação| Foto: CulturAção
Bastidores do cilpe Vocação| Foto: CulturAção

O palco era um programa católico, o tema da conversa era vocação religiosa. Mas bastou um instante de espontaneidade para que duas irmãs consagradas da Copiosa Redenção, Marizele e Marisa, quebrassem paradigmas e ganhassem o coração — e o feed — de milhões de pessoas.


A irmã Marizele arriscou um beatbox ao vivo. A irmã Marisa, sem pensar duas vezes, respondeu com uma dança leve e envolvente. O diácono Giovani Bastos, que conduzia a entrevista, também entrou no clima. O que seria uma simples conversa se transformou numa performance inspiradora que ultrapassou fronteiras.


O vídeo foi publicado nas redes sociais e viralizou em poucas horas. O carisma e a autenticidade das religiosas causaram um fenômeno de alcance global: além de milhões de visualizações, a irmã Marizele ultrapassou 140 mil seguidores no Instagram, e a história das duas ganhou destaque em veículos como BBC, ABC, NBC, The Today Show, AP News e People. Agora, elas acabam de dar mais um passo nessa trajetória: gravaram o clipe da música “Vocação”, na noite da última terça-feira (10), em Ponta Grossa (PR), com direito à presença da equipe do projeto CulturAção, ALB Vídeo e cobertura especial do The New York Times.

Equipe ALB & CulturAção presente nas filmagens | Foto: CulturAção
Equipe ALB & CulturAção presente nas filmagens | Foto: CulturAção

Mas quem são essas irmãs que transformaram beatbox e dança em instrumentos de evangelização? Marizele é cantora e beatboxer. Marisa, dançarina. Ambas fazem parte da Copiosa Redenção, uma congregação voltada ao acolhimento e recuperação de pessoas em situação de vulnerabilidade, como dependentes químicos. O uso da arte, embora espontâneo, se tornou uma linguagem essencial no trabalho que desenvolvem — tanto com as acolhidas quanto com os jovens. Durante as gravações do clipe, elas conversaram com a equipe de reportagem e revelaram a trajetória por trás do sucesso.


Beatbox que evangeliza: como tudo começou

A irmã Marizele contou que o beatbox surgiu em sua adolescência, ainda muito distante da vida religiosa.“Eu comecei a fazer beatbox na minha adolescência e eu não tinha a intenção de evangelizar através do beatbox. Era uma questão mais de entretenimento, brincava com as minhas amigas, com a minha família…”, relembra.


O tempo passou, a vocação religiosa falou mais alto e, aos 25 anos, ela ingressou na Copiosa Redenção. Mas o beatbox não ficou para trás. Pelo contrário, tornou-se um elo poderoso entre a missão da comunidade e o público que elas atendem: “Eu percebi, através do nosso carisma, que é a recuperação de dependente de drogas, que o beatbox quebra barreiras. Ele faz com que o vínculo se torne mais fácil, porque as acolhidas olhavam para nós e falavam: ‘Espera aí, é gente como a gente, faz beatbox, esse ritmo eu conheço’. Então nós entramos no ritmo da vida delas para que elas possam também viver o processo de tratamento.”


A força da linguagem artística também toca os jovens, com quem o diálogo religioso, muitas vezes, se perde por falta de identificação.“Os jovens, quando veem a gente dançando, cantando, fazendo beatbox, percebem que as irmãs se divertem, são alegres, espontâneas... Isso aproxima e cria uma relação de confiança.”


A dança como evangelização: leveza e presença

A irmã Marisa, por sua vez, encontrou na dança uma forma de se expressar espiritualmente afirmando que a dança também pode ser um instrumento de evangelização. Ela destaca que o gesto corporal não é um complemento, mas uma linguagem viva que permite comunicar a fé de forma acessível e libertadora: “A dança faz ter mais leveza e faz com que também traga mais próximo a juventude... e a gente chega mais, consegue quebrar barreiras.”


Resistência, críticas e fidelidade ao Espírito

O sucesso repentino também trouxe questionamentos. Afinal, a vida religiosa ainda é frequentemente associada ao silêncio, à clausura, à sobriedade. A explosão de carisma das irmãs causou surpresa, e, em alguns círculos, resistência.

“E eu costumo dizer que a crítica é bem-vinda. Existem pessoas que não apoiam a nossa espontaneidade, a nossa alegria — e tudo bem, não tem problema. Mas o fato é que mais do que ser aquilo que a irmã Marisa ou a irmã Marizele é, existe um carisma. É mais forte do que a nossa vontade. É uma vontade de Deus, do Espírito Santo. E aquilo que é do Espírito Santo a gente não contém. Ele sopra onde quer.”, disse a irmã Marizele. A irmã Marisa completa: “Esse Espírito Santo age e a gente é instrumento. Nós, como consagradas, deixamos nos conduzir por Ele. Quando Ele quer, nós estamos aqui, para servir, para fazer a vontade de Deus e da forma que Ele quiser. Estamos livres para Ele.”


Uma nova visão da vocação no século XXI

Questionadas sobre o que essa experiência revelou sobre a vocação nos tempos atuais, as duas foram categóricas: Deus continua chamando — mas é preciso encontrar novas linguagens para que esse chamado seja ouvido.“A palavra vocação, acredito que nunca foi tão lembrada e cantada nos últimos tempos. Estourou. E muita gente que nem sabe o que significa vocação, tá cantando a vocação. Porque vocação vem de ‘vocare’, que é chamado. Mas não é qualquer chamado. É Deus que chama.”, afirma Marizele.

“Deus te chama à vida, a uma missão, a um projeto, a um estado de vida: seja matrimônio, vida leiga, consagrada, sacerdotal… Deus chama a algo. A vocação é o pulsar do nosso coração gritando: ‘Volta! Deus está te chamando!’”


Marisa encerra com uma convocação direta: “Cada um de nós tem uma vocação. Essa voz é Deus dizendo: ‘Olha, eu estou aqui. Eu tenho um projeto para você’. Então, siga! Seguir a vontade de Deus torna a gente feliz. Não que a gente não vá ter cruzes, mas teremos liberdade de viver a vocação que Deus quer. E isso é uma alegria.”


O clipe “Vocação” será lançado nas próximas semanas e promete ampliar ainda mais o alcance da mensagem das irmãs. Mas, para elas, o mais importante é manter o foco: tocar corações, onde quer que estejam — com um compasso, um movimento e uma fé que não conhece limites.

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