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  • Foto do escritorRedação

Dia do Folclore é comemorado neste domingo

Conheça um pouco mais da curiosidade sobre a data internacional que é celebrado o Folclore

Dia 22 de agosto, é celebrado o dia Internacional do Folclore. Foto: Reprodução

Patrimônio cultural, identidade, hábitos alimentares, tradições, festas, saberes comuns. Relacionando-se com o que há de mais profundo em uma sociedade, o folclore abrange todas essas manifestações de caráter popular e é comemorado internacionalmente no dia 22 de agosto. Esta é a data do surgimento da palavra, em 1846, e cuja tradução do inglês combina os termos povo e cultura.


"É importante que histórias perpassem gerações e cheguem a nós até hoje, mas é fundamental olhar para trás e refletir como surgiram essas lendas, práticas, hábitos. Buscar o conhecimento de múltiplos pontos de vista para além da história que nos é contada. Não sabemos, por exemplo, a família étnico-racial de muitos de nossos heróis indígenas", observa a atriz e cantora Verônica da Costa, que há três anos ministra o curso Letramento Racial para públicos de diferentes idades.


O contato com o passado a partir da revisão da árvore genealógica dos participantes, um dos exercícios das aulas, ajuda a evidenciar a estrutura racial junto da responsabilidade de reparação e rompimento de tradições que carregam exploração, mergulhando em muitos assuntos do folclore.


"Existem diferentes raízes africanas e indígenas que podem ter dado origem à história do Saci, para citar um caso bem conhecido. Pode ter sido um africano escravizado cuja perna foi cortada e saiu vagando pela mata, pode ser uma criança indígena que perdeu a perna, são múltiplas teorias", diz Verônica.


A artista conta que os estudos sobre o tema se iniciaram com a escritora Sonia Rosa, autora de livros infantis com personagens pretos e outros títulos abordando aspectos do folclore. Ela é criadora de um grupo de pesquisa acerca de relações étnico-raciais, branquitude e letramento. Na mesma linha, a professora de letras e artes Irene Dorte ressalta a combinação das dinâmicas sociais da atualidade e os aspectos do passado num fluxo contínuo.


"A tradição permanece, a história continua, entretanto dialoga com o presente. Isso provoca a curiosidade e o interesse dos estudantes em pesquisar e se inteirar da nossa cultura, que não é estática no tempo, se recria e se transforma junto com as subjetividades dos indivíduos em cada época", afirma.


O livro "O Pequeno Príncipe Preto", de Rodrigo França, pode ser uma boa representação para versões que ganham espaço de forma a expandir e a dar novo significado a muito do que já se conhece. O autor aborda uma história do folclore universal utilizando contextos e experiências originais e causando, portanto, novo impacto para distintos segmentos.


"Pensar sob essa perspectiva de atualização do folclore é uma forma também de permanência. Não falo da descaracterização das manifestações ou da negação delas, e sim da adaptação", define Irene, mestre em artes cênicas.


"Recentemente, elaborei um projeto interdisciplinar em que os alunos e alunas desenvolveram brinquedos da cultura popular, como peteca, pipa, elástico, pião, bilboquê, vai-e-vem, telefone sem fio, barangandão, ioiô, catavento, pega-palitos, cama de gato, com material reciclado. Objetos do nosso folclore que perduram em nossa memória coletiva como sendo brinquedos de madeira, penas, papel, entre outros materiais rústicos, agora são de garrafa pet, lata, plástico", complementa a pesquisadora.


Em 1951, no 1º Congresso Brasileiro de Folclore, realizado no Rio de Janeiro, elaborou-se um documento cujo conteúdo determinava o fato folclórico conforme "as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular e pela imitação, condena o preconceito de só considerar como folclórico o fato espiritual e aconselha o estudo da vida popular em toda sua plenitude, quer no aspecto material, quer no aspecto espiritual".


Sete décadas depois, muita coisa mudou e outras tantas permaneceram como eram. Em meio a isso, o folclore segue manifestando o que há de mais vivo e simbólico na cultura dos povos dentro e fora da data catalogada em sua homenagem.



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