O encontro acontece de 07 a 09 de dezembro, com mais de 500 trabalhos apresentados, resultantes de projetos dos Programas de Iniciação Científica (Pibic), Iniciação Científica Voluntária (Provic) e Iniciação Científica Júnior (Pibic-Jr)
A pesquisa, um dos três pilares que mantém a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) de pé, está comemorando três décadas de um de seus eventos mais importantes. Nesta terça-feira (07), a UEPG realiza a 30ª edição do Encontro Anual de Iniciação Científica (EAIC), evento que reúne atividades de pesquisa de discentes da iniciação científica e da pós-graduação. O encontro acontece de 07 a 09 de dezembro, com mais de 500 trabalhos apresentados, resultantes de projetos dos Programas de Iniciação Científica (Pibic), Iniciação Científica Voluntária (Provic) e Iniciação Científica Júnior (Pibic-Jr).
O evento será realizado de forma híbrida, com transmissão ao vivo da abertura (dia 07/12 às 19h) e encerramento (dia 09/12 às 17h), ambos pelo Facebook , com solenidade de premiação (dia 13/12 às 16h) no YouTube da UEPG. As sessões de apresentação de trabalhos acontecerão de maneira remota.
Quando Ivo Mottin Demiate estava se formando em Agronomia pela UEPG, em 1991, a iniciação científica era sinônimo de pesquisa na instituição. “A pós-graduação ainda não existia como nós temos hoje, consolidada, e tínhamos poucos cursos de especialização”, conta. Ivo participou da primeira edição do EAIC, na Universidade Estadual de Maringá. “Da UEPG, se não me engano, era só eu participando, porque tinham poucos estudantes”. Para ele, o EAIC abriu as portas para a vida acadêmica do agora atual Pró-reitor de Assuntos Administrativos da UEPG.
No dia em que Ivo foi convidado para fazer a pesquisa, não sabia que iria ganhar uma bolsa de custeio, “mas isso abriu as portas para mim na vida acadêmica”, explica. O pró-reitor ressalta que o EAIC contribuiu para o que é desenvolvido atualmente por alunos da Universidade, na graduação e pós-graduação, mestrado e doutorado. “A iniciação científica é o passo mais importante que a gente dá, pois estimula jovens, praticamente adolescentes, a se interessarem com assuntos que são mais áridos. Sempre digo isso aos alunos, aqui tem um diferencial que você não encontra com facilidade fora do ambiente universitário”.
Como agrônomo formado e hoje professor na área de Engenharia de Alimentos, Ivo sabe que a iniciação científica é um caminho extremamente fértil para quem tem interesse e vontade de conhecer o mundo. “Éuma alegria estar nesses 30 anos de EAIC. Que todos os alunos que estão agora participando se motivem, porque isso já foi muito diferente do que se via na Universidade e hoje é muito importante”.
A primeira geração da qual Ivo fez parte deu lugar para a segunda, com Alessandro Nogueira, engenheiro agrônomo formado pela UEPG, doutor em processos biotecnológicos e professor do curso de Engenharia de Alimentos. Calouro de Agronomia em 1994, Alessandro já sabia que seria professor e pesquisador desde 96, quando passou no processo de seleção para bolsista de iniciação científica. “Depois do curso de graduação, a coisa mais importante que você faz dentro da Universidade é uma iniciação científica, pois a gente tem um trabalho de vivência dentro do laboratório e começa a abrir a mente para outras coisas. Foi ali que e eu percebi que gostaria de continuar fazendo aquilo e, para continuar, teria que ser professor e me tornar pesquisador”, relembra.
Por conta da iniciação científica, Alessandro permanece até hoje como pesquisador e possui bolsa de produtividade do CNPq. “Para minha carreira, como professor pesquisador, a iniciação científica foi determinante. Eu lembro até hoje das apresentações que fiz no EAIC em diversas cidades, conheci pessoas e foi uma experiência muito bacana. Acho que foi isso que influenciou na minha continuação dentro da carreira acadêmica”.
Por conta do trabalho de Alessandro, a professora Aline Alberti decidiu que queria entrar no mundo da pesquisa. “Entrei em contato com o professor Alessandro, que na época já fazia pós-doutorado, e passei por um processo de seleção para iniciar o projeto de iniciação científica”, explica Aline, que hoje é professora efetiva do curso de Engenharia de Alimentos da UEPG. Em 2005, época de caloura de Aline, ela já sentia a paixão pela pesquisa.
“Consegui publicar artigos e isso me estimulou muito a querer continuar, já nesse momento eu sabia que queria continuar nesse mundo da pesquisa”, recorda.
Para Aline, quase metade da sua carreira é fruto da iniciação científica. “Hoje ainda estimulo os meus alunos a participarem de projetos, porque nos estimula muito, tanto a estudar, quanto a ter a vivência no laboratório. Isso nos fazer aprender muito mais”, completa.
Ivo, Alessandro e Aline são três gerações frutos do trabalho do professor Gilvan Wosiacki, o primeiro orientador de iniciação científica que a UEPG teve. Transferido da Universidade Estadual de Londrina (UEM) em 1984, Gilvan exerceu cargos de chefe de departamento e de Pró-Reitor de Pesquisa e de Pós-Graduação; participou do processo de implantação do curso de Engenharia de Alimentos e do mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Em 2006, o Conselho Universitário da UEPG lhe concedeu, por unanimidade, a Medalha de Mérito Universitário. O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão ainda o enquadrou como Pesquisador Sênior da instituição. No total, 99 tiveram a orientação de Gilvan em nível de Iniciação Científica ao longo de toda sua carreira.
Mulheres na pesquisa
Quando o EAIC surgiu, em 1991, a professora da UEPG, Rita de Cássia Oliveira, decidiu que era o momento de contribuir no desenvolvimento acadêmico dos alunos. “Quando foi lançado o primeiro edital, nós já concorremos. Era muito curioso que, no início, tinham muito mais vagas do que alunos que queriam. Então a gente tinha até 8 ou 9 acadêmicos que seriam nossos bolsistas”, relembra.
Para Rita, a iniciação científica e, consequentemente, o EAIC são importantes para o desenvolvimento do professor e dos alunos. “A Universidade não é só aquilo que ela oferece em sala de aula. Os alunos podem ir além, por isso sempre enfatizo que a Universidade oferece muitas oportunidades, tanto na pesquisa, como também as bolsas de extensão”. A professora faz questão de não dissociar os pilares ensino, pesquisa e extensão como trabalho de uma Universidade Pública, o que contribui para a formação na graduação. “Se os alunos não fizerem nada mais que o EAIC de produção na graduação, eles têm quatro artigos no currículo. Então o TCC sai de um nível muito mais elevado, de uma profundidade teórica muito melhor, uma escrita mais elaborada. Você vê esse crescimento a olhos vistos”, explica.
Rita destaca que uma das funções do EAIC é despertar a inquietude. “Diante disso, os conhecimentos vão sendo elaborados e vão se disseminando. Assim, sem dúvidas, os profissionais vão ficar com muito mais segurança e vão rever até os próprios conhecimentos que foram passados, porque a evolução é contínua”.
A “inquietude” foi o que despertou o olhar para ciência de Rafaela Lopes Falaschi. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista, Rafaela realizou pós-doutorado e participou do EAIC em 2018 na UEPG. O contato direto com a ciência iniciou logo na graduação, quando fez duas iniciações científicas. “No final da graduação, eu tinha vontade de fazer pesquisa na pós-graduação e essa vivência de laboratório, de levantar uma pergunta, de ter que seguir uma metodologia para buscar as respostas para as minhas perguntas, foi fundamental para eu me sentir mais segura para ingressar no mestrado”, conta.
Em 2018, Rafaela atuava no Laboratório de Biologia Evolutiva da UEPG e participou da descoberta do primeiro organismo terrestre encontrado na América Latina que emite luz azul. O artigo foi publicado na revista científica Nature: Scientific Reports, e pode ser acessado, em inglês, no site da revista. Quando a pesquisadora entrou no mestrado, já tinha experiência com a pesquisa, pelo que desenvolveu ainda na graduação. “Isso me encorajou a fazer pós-graduação, já sabia fazer pesquisa bibliográfica, escrever o projeto, o que é fundamental fazer a pós-graduação”, destaca.
A vivência do estudante de graduação no âmbito da pesquisa é fundamental para formação, segundo a pesquisadora. “Os alunos que estão fazendo iniciação científica estão fazendo ciência, estão sendo cientistas. Sem os estudantes, nós professores da Universidade não conseguimos dar conta de todas as demandas do laboratório”, frisa. A paixão pela ciência de Rafaela ainda rendeu o projeto no Instagram chamado Mulheres na Ciência, um espaço feito para mulheres cientistas contarem suas histórias e discutirem sua posição no mundo científico do ponto de vista feminino. “A ciência é feita de forma coletiva. É possível fazer iniciação científica para difundir conhecimento e também ter uma formação melhor, que vai acarretar para uma formação mais completa, o que faz toda a diferença”, completa.
Importância
Desde que Benjamim de Melo Carvalho entrou na UEPG, em 1999, já começou a integrar ao comitê do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic). “Nós tivemos uma transição de uma Universidade, nas duas primeiras décadas, mais focada na graduação, e a partir dos anos 2000, vimos um grande crescimento dos mestrados e doutorados”. A integração do ensino, pesquisa e extensão faz parte da formação integral de um profissional crítico e criativo, segundo ele. “A iniciação científica é fundamental, não somente para aqueles que vão se tornar pesquisadores de uma Universidade, mas também para os que vão para diversos setores profissionais”, explica.
Para o professor de Engenharia de Materiais, as universidades públicas são as grandes responsáveis pela pesquisa no país. “Está sendo um excelente momento para que a sociedade perceba a nossa importância, que a Universidade, pesquisadores de iniciação científica, de mestrado e doutorado podem entregar soluções”, ressalta.
Assim como Benjamin, o professor e ex-reitor João Carlos Gomes testemunhou a consolidação da pesquisa na UEPG. Nos anos 90, a graduação e a extensão já eram consolidadas na instituição, “mas nós precisávamos de um passo mais longo na pesquisa e na pós-graduação, por isso iniciamos esse programa dentro da UEPG”. João Carlos estava no seu primeiro mandato como reitor da Universidade quando o EAIC surgiu. “Com a chegada de novos professores, fomos ampliando a participação dos nossos alunos na pesquisa. O crescimento da pós-graduação, do mestrado e doutorado, tem muito a ver com a pesquisa da iniciação cientifica”, salienta.
Atualmente, João Carlos é docente do curso de Odontologia e do Mestrado em Odontologia na UEPG. “Não tenho dúvidas de que a iniciação científica é um elo grande que envolve a graduação, pesquisa e pós-graduação. Uma grande parte dos nossos alunos de pós são fruto de iniciação cientifica na graduação. Parabenizo a instituição, que sempre incentiva a participação dos nossos alunos na pesquisa”.
Organização
O EAIC acontece sob reponsabilidade da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp). Giovani Marino Fávero, pró-reitor da Propesp, ressalta que o EAIC é o maior evento acadêmico da UEPG, pois envolve a graduação, pós-graduação, orientadores, docentes, além dos estudantes do ensino fundamental. “O volume de trabalhos submetidos, avaliados e apresentados sempre ultrapassam o número esperado, já que é um evento aberto para outras instituições também”.
O pró-reitor explica que esse crescimento contínuo faz parte dos objetivos do evento, que inicialmente era formado pela união entre todas as Universidades Estaduais do Paraná. “Sendo um evento grande, a instituição possui um compromisso de realizá-lo com eficiência, disponibilizando equipes de todos os seguimentos para auxiliar o encontro”.
Fazem parte da organização do evento, além da equipe da Propesp, o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), Coordenadoria de Comunicação (CCOM), Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos (Proad) e Prefeitura do Campus (Precam). “Este será segundo ano em que o evento é realizado de maneira remota em dezembro, esperamos que em 2022 o encontro volte a ser presencial e em Outubro”, completa Giovani.
Devido à expansão das atividades de pesquisa nas instituições estaduais de ensino, cada Universidade, desde 2015, coordena e realiza seu próprio evento. Nesta ano na UEPG, as sessões estão divididas em nove grandes áreas – Agrárias; Biológicas; Engenharias; Ciências Exatas e da Terra; Humanas; Letras, Linguística e Artes, Saúde; e Ciências Sociais Aplicadas. O coordenador geral do EAIC, Paulo Vitor Farago, explica que o comitê externo do CNPq estará presente durante o evento. “Irão avaliar a qualidade e também fazer apreciação do nosso relatório, para analisar a nossa quantidade de bolsas”. Nos anos de 2019 e 2020 a UEPG contava com 400 bolsas de iniciação científica. “Mas agora no ciclo 2020 e 2021, aumentamos para 412, por isso conseguimos observar que o trabalho está sendo feito com qualidade.
O Pibic foi estabelecido pelo CNPq em 1988 e implantado na UEPG em 1991. “Nós conseguimos o livro de pesquisas de 1991 e é curioso ver os pesquisadores que faziam parte das primeiras pesquisas da UEPG e o quanto evoluímos nesses 30 anos. Por isso, é motivo de alegria celebrarmos essa 30ª edição do EAIC”, completa Paulo Vitor.
A programação, histórico e ensalamento do EAIC pode ser conferido aqui.
Da Assessoria
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