Rap, fé e transformação tomam conta da pista de skate no evento “Semeando a Boa Semente” em Ponta Grossa

Foto: CulturAção

No último domingo (29), a pista de skate localizada na Rua Rio Capivari, no bairro Rio Verde, foi palco de um encontro que uniu música, espiritualidade e impacto social. O evento “Semeando a Boa Semente”, idealizado pelo rapper Léo Lima PR e realizado com o apoio do vereador Fábio Silva, reuniu artistas da cena do rap gospel para uma tarde de rimas, fé e testemunhos de superação — tudo de forma gratuita e aberta à comunidade.

A proposta do evento foi ocupar o espaço público com mensagens de esperança e transformação por meio da cultura urbana, especialmente o rap com inspiração cristã.

Subiram ao palco os artistas Léo Lima PR, Gueg PR, Felipe Unção Profética, JJ Rapper, SacredFlowRap, Robson Benke, Huesley Fogaça, Denis Ferreira, Mano Luan MC e Novo Sentido Rap, que compartilharam suas histórias e versos marcados pela espiritualidade e pela vivência nas periferias.

Para o organizador, Léo Lima PR, o projeto tem raízes pessoais e espirituais profundas.“O rap gospel é um instrumento para mim que eu achei para mim poder contar a minha história e poder louvar o Senhor através do rap, uma estratégia também de chamar as pessoas para o evangelho, para conhecerem a palavra de Jesus”, afirma.

Ao refletir sobre a influência da fé em sua arte, Leo revela como a música se entrelaça com sua jornada de superação:“Eu me inspiro… desde o momento em que eu acordo e faço meu devocional, até o momento que eu vou deitar agradecendo pelo dia. Eu passei, pelos livramentos e por ter sido transformado. Porque a vida que eu tinha era uma vida de drogadição, uma vida de criminalidade e graças a Deus hoje eu posso contar a minha história através do rap.”

Também presente no evento, o rapper Huesley Fogaça comentou sobre os preconceitos que ainda cercam o rap e a importância de reverter esse estigma com propósito e fé: “Ainda acho que o rap ele é olhado pela sociedade como vandalismo, drogas, armas, mas a nossa mensagem é exatamente o oposto, através da mensagem cristã, levar esperança para as pessoas. A gente mesmo, a música que a gente cantou aqui, -Chegará o Grande Dia-, ela foi feita um clipe dentro de uma comunidade onde pessoas ainda acho pessoas através do rap que chegou a mensagem para essas pessoas.”

Gueg PR, que também participou da programação, destacou a relevância do profissionalismo no cenário do hip-hop e como a arte pode caminhar junto à espiritualidade sem perder o compromisso social: “Eu tô aqui pela cultura popular para mostrar a força do hip-hop, a intenção real de cada artista, né, dele se profissionalizar. Eu penso nisso, no profissionalismo. [...] E não só ali da parte física, mas também da parte espiritual, as pessoas têm que estar sempre atenta em relação a isso. São vários estigmas e a gente deve principalmente respeitar.”

Apesar de não seguir a vertente evangélica, o artista reforçou a importância do respeito mútuo no ambiente artístico e na construção de espaços inclusivos: “O que eu acho que é o mais mais importante de tudo, é respeitar a caminhada de cada um [...] Então, eles me convidaram de coração e eu vim aqui e fiz minha parte e para mim foi grandioso. E pelas palmas parece que o povo gostou também, viu? Muito. Eu tô muito feliz. Consegui fazer um trabalho. Hoje é reflexo de ontem.”

O evento marcou um momento simbólico de ocupação positiva do espaço urbano, com arte, fé e diálogo entre diferentes vivências, mostrando que o rap pode ser, sim, canal de transformação espiritual e social.