Nesta quinta-feira, 27 de outubro, às 9h, o novo conceito visual e a programação completa da Mostra de Teatro - 50º Festival Nacional de Teatro foram apresentados para patrocinadores e apoiadores
Enquanto o pai atendia os clientes na mercearia da família, as horas passavam rápido para o pequeno Alisson. O garoto, apaixonado pelo desenho, passou a infância e boa parte da adolescência com lápis entre os dedos rabiscando e colorindo as figuras que criava. Nem imaginava que, um dia, o hobby se tornaria profissão.
“Na época, nem pensava em trabalhar com isso. Apenas perto do Vestibular, quando parei para pensar em uma carreira, descobri o curso de Artes Visuais e logo vi que era algo onde eu poderia desenvolver as linguagens que gostava. Em 2011, ingressei na UEPG e hoje tenho muito orgulho do profissional que a Universidade me tornou”.
Alisson Nascimento hoje tem 30 anos, já é formado e atua como tatuador e ilustrador de livros e projetos gráficos. É ele quem assina a ilustração representativa da edição histórica da 50 edição do Festival Nacional de Teatro (Fenata). O convite partiu da própria UEPG, como reconhecimento pelo talento único do egresso e pela profunda relação de afeto que ele possui com o evento. Mesmo antes de ingressar na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Alisson já assistia às peças do Fenata.
“Lembro até hoje de um espetáculo que trazia uma atmosfera do sertão e das peças do teatro de bonecos”, conta. Após se tornar estudante universitário, o interesse pelo teatro só aumentou. “Posso dizer que sou um frequentador assíduo, porque sempre consumi muitas linguagens da arte e o Festival sempre foi um espaço que eu gostava. Os cenários, as ideias e os espetáculos me encantam e me inspiram”.
A proposta para desenvolver a arte do Fenata partiu do professor Nelson Silva Júnior, diretor de Assuntos Culturais e coordenador da edição, que foi professor de Alisson na graduação em diversas disciplinas. “Acompanhei toda a trajetória na produção acadêmica e artística do Alisson, e o estilo de arte que ele produz era justamente aquilo que precisávamos. O resultado foi muito bonito, com um trabalho que tem bem a estampa e assinatura dele. É uma pessoa que se desenvolveu dentro da UEPG e merecia estar nesta edição histórica”, comenta Nelson.
Processo de criação
Para o desenvolvimento da ilustração, primeiramente o artista pesquisou cartazes e pôsteres antigos do Fenata, uma vez que o desafio era também resgatar a alma e o histórico do Festival. A criação em si começou da mesma forma que Alisson desenhava quando criança, com lápis comum e um papel em branco. A diferença é que agora o artista visual domina perfeitamente a técnica das hachuras, que consiste em traçar diversas linhas e tramas de linhas que, ao final, compõem um efeito ou uma imagem, dando vida à obra.
Feito o rascunho e a estrutura visual, o próximo passo foi transferir a imagem para uma mídia digital para inserir cores e efeitos. A opção foi por texturas como aquarela, giz de cera e lápis de cor.
“Pensei no teatro como uma espécie de entidade. Quando comecei a rascunhar a figura, pensei em um ator em branco, com expressões que estariam vindo até ele”. O artista também explica que a ideia do cabelo é uma nuvem de pensamentos, onde está contido o pessoal do roteiro, da produção, do cenário e tudo que embarca na peça, além de elementos-chave, que são importantes dentro desse universo, como o canhão de luz, as cortinas, a lua e o relógio, que representam a relação do tempo desses 50 anos. Interno a essa persona está o palco. “Também pensei no público, em quem observa esse universo e sente a peça, lá na plateia”, completa.
A coroa é um tipo de assinatura que Alisson desenvolveu, uma marca pessoal do trabalho dele que também está no quadro pendurado na parede do estúdio de tatuagem, onde tivemos nossa conversa. A obra, intitulada ‘A Infância’, remete a memórias e sentimentos do artista.
Para a ilustração do Fenata, Alisson apresentou duas propostas. A segunda remete a um cenário onde o público parece estar presente e observando uma cena que mistura elementos do teatro clássico e do contemporâneo em cima de um palco. O processo das hachuras também foi usado, assim como aquarela digital, lápis de cor e texturas de respingos de tinta.
“A partir do momento que você constrói e desenvolve um processo sensível de ideias iniciais, isso vai tomando formas. É muito legal entender que o pensamento pode ser visual. Para mim foi demais compor essa identidade do teatro e criar esse universo tão vasto em uma ilustração”.
Atualmente, Alisson Nascimento trabalha com duas vertentes nas artes gráficas. Além da produção de ilustrações para livros, projetos gráficos e mídia digital, também atua como tatuador, no centro de Ponta Grossa. Em ambas as atividades, usa a técnica de hachuras e elementos da cor. Você pode conferir o estúdio virtual do artista aqui.
Este ano tem mais uma novidade, a loja oficial do 50º Fenata, dentro do Cine-Teatro Ópera. Durante o festival, o público vai poder comprar itens personalizados da edição comemorativa, como canecas e camisetas.
Da Assessoria
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